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PARQUE DO RIACHO_institucional

“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra.” (Anísio Teixeira ).

 

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” (Paulo Freire). 

 

Acreditamos no poder educativo do espaço e entendemos o edifício escolar como importante elemento integrador do território e da vida comunitária. O planejamento deste centro de ensino fundamental se apoia em ações de projeto que objetivam promover a melhor integração possível entre escola e cidade. 

Uma destas atitudes “urbanístico-arquitetônicas” consiste na liberação de trecho localizado junto à divisa nordeste do terreno, transformando-a em via de pedestres e espaço de fruição urbana que rompe barreiras e oferece mais uma possibilidade de acesso ao intrincado lote. No prolongamento desta nova via desenha-se a ampliação da esquina, entendida como uma pequena praça de acolhimento complementada pelo pátio coberto, concebido como extensão do chão público e principal acesso à escola. 

Dois volumes paralelos abrigam as atividades previstas no programa escolar e do afastamento entre estes resulta o grande vazio ajardinado – o pátio descoberto e majoritariamente permeável, destinado a atividades de recreação infantil, a horta e ao grêmio: centro político e representativo dos estudantes implantado em local de destaque no coração desta escola. 

Junto a este grande vazio organizador encontra-se o sistema de rampas e passarelas que garantem acessibilidade plena e conexão entre os blocos, que possuem funções distintas. Alinhado à via peatonal proposta, encontra-se o edifício de usos coletivos, que contém o térreo totalmente livre e destinado ao pátio e a quadra coberta.  Juntos, estes dois ambientes conformam um espaço de aproximadamente 1100 m², onde as mais diferentes atividades podem ocorrer livremente: o jogo, a sociabilidade, o encontro e, até mesmo, o cinema. Nos andares superiores se localizam a biblioteca, a sala multiuso e o auditório. Todos estes espaços poderão ser compartilhados com a comunidade, em datas e horários em que não configurem conflito com o funcionamento da escola. 

A separação das atividades em blocos distintos possibilita a almejada abertura da escola à comunidade da mesma maneira que evita conflitos funcionais, já que o saudável barulho das atividades do bloco coletivo não interfere no funcionamento das atividades introspectivas localizadas no segundo volume, implantado na porção sudoeste do terreno. Este bloco educacional abriga o conjunto de salas de aula e laboratórios em seus pavimentos superiores, caracterizados por varandas perimetrais típicas dos modernos palácios da capital do país.  As atividades administrativas e de apoio localizam-se no pavimento térreo que contém também o vazio destinado ao pátio de refeições.  

Baseando-se em experiências já realizadas na arquitetura escolar brasileira, grande parte da edificação foi pensada para ser realizada utilizando-se da técnica construtiva do concreto pré-fabricado. Deste modo, todo o projeto organiza-se a partir de modulação de 1.20 m. Brises verticais envolvem todo o edifício, protegendo seus ambientes das insolações mais hostis sem furtar-lhe a expressividade tectônica. Elementos paisagísticos foram empregados objetivando amenizar as características do clima brasiliense e adotando espécies comuns ao cerrado – muitas delas geram frutos e complementam a paisagem construída para o pátio descoberto.  

Para manutenção da paisagem do cerrado, predominante em Brasília, foram adotadas espécies vegetais nativas, como: amora-do-mato (Ximenia americana), coquinho-azedo (Butia capitata), cajuzinho-do-cerrado (Anacardium humile), murici (Byrsonima verbascifolia), Ipê cascudo (Tabebuia chrysotricha), Ipê do cerrado (Tabebuia ochracea), a frutífera Cagaita (Eugenia dysenterica) e a palmeira Buriti (Mauritia flexuosa). 

A implantação evitou qualquer paralelismo ao bolsão frontal de estacionamento, evitando a forte insolação noroeste e o desconforto acústico resultante da proximidade com a via de veículos. No pátio descoberto, a posição das edificações - bem como a arborização - proporciona um microclima mais favorável ao convívio e ao desenvolvimento de atividades no exterior. O conjunto de espaços livres localizados na cota do solo permite a ocupação de apenas 1.450m² do térreo (divididos entre circulações, administração e estacionamento). Esta solução resulta também da opção pela verticalização do conjunto, respeitando o gabarito máximo estipulado pelas diretrizes urbanísticas. Acredita-se, para tanto, que a escala da criança não é aquela restrita ao baixo gabarito e sim aquela aberta à descoberta, promovida pela múltipla espacialidade, pela variação de pé-direito e pelo subir e descer de rampas para brincar na horta ou admirar o belíssimo céu de Brasília.  

local_Parque do Riacho / BR

projeto_2016

equipe_Frederick Merten, Fabio Bonugli, Luis Amaral Pereira Pinto, Marcela Goraieb

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